O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

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sexta-feira, 1 de julho de 2011

falschen Zeit


Era uma vez um rei. Era uma vez uma menina. Eles se encontraram na história de uma viagem. Era uma vez - e sempre haverá por aí - um amor proibido, aquele vivido em seu castelo tão bonito. E proibido seria não voltar.

Conheci tudo novo no meu velho mundo. E o velho me renova, sempre. Paradoxo dos contos de fadas. Eram dois olhos brilhando o amor de outrem, celebrando o meu. Era o brilho do amor meu, era a cumplicidade dos outros. E, em milhões de passos, percorri cidade em cidade em cidade em cidade. Meu berço. O rei me acompanhou, e talvez eu o tenha reconhecido. Talvez eu o conheça desde sempre. No fim, ele não passa daquele que vive dentro de nós - o pensamento. Era a história. Labirintos de árvores em vento gelado, flores, nuvens. Concreto em forma de casinhas de boneca.

Haverá um propósito para tudo nesse mundo, e minha alma não pousou lá por acaso, há 25 anos. Senti arrepios. As paredes me contaram histórias. Os tons de marrom ignoraram a minha idade. Quantos anos eu tive? Era tudo outrora. A cor das florestas e das flores pintavam meus planos. Senti-me nascendo, senti-me revivendo, senti-me, até diria, des-reencarnando, retrocedendo séculos e experimentando tons de vozes e cores, histórias, lendas, trilhas. A minha história. Os sabores. Os cheiros. Fiquei diante da coroa de pedras e de ouro. Eu vi as espadas com esmeraldas e rubis. Senti o peso das armaduras. Quis montar os imponentes cavalos árabes, mas eram só estátuas. Digeri - a música. As louças. Os cristais. As letras. O som das catedrais. Não me tirem dali, por favor.

Quis trazer tudo comigo, na bagagem de rodinhas (na de histórias, acredite, veio tudo. Deixei o país vazio). Quase trouxe o lustre de pedras preciosas para casa. Senti as árvores e roubei suas folhas. Couberam perfeitamente nos vácuos das minhas páginas da réplica do caderno de Goethe. Leio e releio suas citações e, embebida em Apfelwein, adormeço nesse sonho que mais uma vez acontecerá. É só acordar.

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