O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

sábado, 16 de julho de 2011

looking for a postman

As vísceras deterioram-se no pior dos sentimentos, o mais uma vez mencionado luto vem à tona. Lembrar a dor é senti-la em dobro, revivê-la incansavelmente dentro do mínimo espaço de ser. Incapaz de mover os lábios, encontro-me extinta de voz e de palavras para explicar a quem quer que seja o que acontece dentro de mim. Incapaz de mover os lábios, perco o último esforço de conseguir esboçar um sorriso. Já consigo enxergar nos outros as diversas interrogações, porque até então era tão raro eu não sorrir.

Há o colo ao dormir. Há um aperto de mão. Um cafuné que nunca tarda a vir. Há o bom dia com beijo de hortelã, há o filho que me envolve em dias de magnitude, há os amigos. Sou rodeada de mundo, mas não sou mais nada além de solitária desde então, simplesmente porque ninguém conseguirá sentir a dor por mim. O desabafo não consola, lamento, a não ser que alguém consiga entregar dentro de um envelope a minha dor para outra pessoa. Quiçá eu a envie pelo correio a algum desconhecido que cometeu grandes pecados nessa vida (toma, você merece mais do que eu). Quiçá eu me lembre de que aquilo que nos é dado é proporcionalmente igual à nossa capacidade e à nossa força, que eu não vivo as coisas por acaso e que, quer saber..., pelos mistérios entre o céu e a terra eu precisaria realmente doer por dentro para entender o lado de fora, amanhã. Não que eu me julgue merecedora de dor. Afinal, quem de nós, seres humanos, seria? Não que eu me julgue vítima diante da dor. Afinal, concordemos, seria horrível...

Por alguma razão, sofrer lapida os diamantes. Por alguma razão, ressuscitei Monalisa e equilibro a tristeza dentro da minha bolha de contentamentos.

O passado nada mais é do que o presente já dobrando a esquina. O futuro? Uma roda viva incapaz de ser regida como desejamos.

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