O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

domingo, 30 de janeiro de 2011

sindromedomorarcommeninos


Deparou-se com a autoanálise. Foi diagnosticada - síndrome da mania de organização. Olhos atentos a toda e qualquer movimentação no apartamento. Um alfinete fora do lugar, e já é possível ouvir as palpitações do seu peito. Olhos atentos. Segue os passos de bagunça do filho, organiza as mazelas que o marido deixa a cada metro quadrado, revisa toda a disposição dos móveis e arranjos de flores, para que nada saia do lugar. Lista de compras pronta e organizada há semanas, mas que é esquecida em casa por ele, no dia de ir ao supermercado (de que adiantou?). Camisa na cadeira da sala, violão em cima do sofá; chupetas e paninhos nos quartos, na sala, na cômoda, na mesa do computador. Louça absurdamente mutante, multiplica-se num piscar de olhos. Caixinhas de achocolatado no escritório. Brinquedos esquecidos em lugares impossíveis de descrever. Livros com ares de terem sido reposicionados, mas não pela dona. Sapatos e tênis jogados de qualquer maneira, na lavanderia, sem qualquer aviso prévio. Roupas que se recusam a permanecer(em) no armário, e não sei por qual razão preferem sempre a mesinha de cabeceira, o gancho do banheiro, o trinco da porta do escritório. Desorganização diária que ignora o - também diário - mantra, entoado ao filho e ao marido: "não deixem as coisas fora do devido lugar. Não baguncem. Isto não é aqui. Vá guardar, vá. Não é aqui. Isto não está no lugar certo. Não é aqui. De novo?" - E aí já é fácil encontrar uma gota de suor descendo pela sua testa, como quem refresca a própria aflição.

Não suporta intromissão. Não admite que decidam no seu lugar, quando lhe é inato o direito de reinar por ali (A mãe "dos outros" não é a sua, e tampouco a dona da casa. Sabe como é?). Não suporta intromissão, como disse. E é arisca, quando precisa, mas também muito doce. E quando menos espera, já vê outra xícara mal posta, um brinquedo debaixo do sofá, um lençol amassado às pressas, debaixo do travesseiro. Ah, mas com um detalhe. Tudo será sempre culpa sua. É duro. É isso. Cuidar dos outros e depois cuidar de si. Vai pro banho como quem lava a alma suja de toda a bagunça do mundo. Vai dormir desejando não lembrar de Chaplin e seus parafusos.

Foi diagnosticada - síndrome da mania de organização. O que fazer, doutor? Remedia-se? Não, não é nada. É só aquilo que dizem, bem sabe, do tango argentino.

sábado, 22 de janeiro de 2011

"O ano inteiro é sempre assim..."

Foi em um desses dias de longo exílio praiano, ao qual denominaram veraneio. Uma música ecoa na minha cabeça como trilha de uma alma muito, mas muito bem reacomodada no corpo. O ano começa com ares soberbos de paz e tranquilidade, de um egocentrismo não ordinário, mas completamente necessário diante do ano que passou, onde fui tragada pelos objetivos e sentimentos dos outros. Foi quando ouvi Bloco da Solidão - e apesar de, ao procurá-la depois na internet e encontrá-la lindamente na voz de Maysa, ainda a busco incansavelmente nos sites e não a encontro em outra versão. Pena. Por ora, a versão mais linda que já ouvi dela guardo para mim em vídeo, acompanhada por voz e violão, cantada por meu pai, na praia. Depois baixo o vídeo aqui, ou não.

Enquanto isso, a vida cheira a maresia, os pés se misturam à textura da areia, o paladar acumula sabores de família, ganho quilos irritantes, mas com temperos de redoma. Relendo velhos livros (O Apanhador no Campo de Centeio, dado por Glay no meu primeiro aniversário ao lado dele, e A morada do Ser, autografado lindamente pela autora, Estorvo e muito Bukowski.), rabiscados e frisados com grafite até o último espaço em branco em volta das páginas. Acordando com sorrisos e "bom dia" de quem amo. Dormindo somente com o barulho das ondas e o ronco do marido, numa casa de praia longe do barulho, fora de órbita.

Sad copy from my blood


É quase que deprimente sentir o cheiro daquilo que não é o seu feito, mas simplesmente a cópia barata da sua personalidade, dos seus traços literários e dos costumes vulgares e fúteis da sociedade moderna. Triste pensar que não criamos para inspirar ou desabafar, mas sim para que outras pessoas copiem descaradamente aquilo o que você faz. Penso que cada ser humano é perfeitamente provido da própria essência, sendo completamente desnecessário o uso da imitação, em qualquer que seja o seu nível de admiração ou coisa que o valha. Volta e meia uma pessoa vem e me diz: ei, presta atenção nisso aqui, aconteceu de novo. Se não fosse tão tolo, me irritaria. Mas mesmo assim. Daqui a pouco mudo de blog, como quem muda de morada para não ser observada por câmeras pouco originais. Fala sério...


Enquanto isso, apesar dos três dias de volta a Natal, retorno à tão querida praia para meu projeto de descarrego das preocupações da vida real. Pé na areia e pé na tábua, e lembrei até de uma música dos Tribalistas, ai como amei aquele CD.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A Tonga da Mironga do Kabuletê


Vou-me, vou-me, vou-me. Levo marido e filho na bagagem e só volto quando água sanitária nenhuma recuperar meu branco da pele. Como roteiro de todo Janeiro, semanas maravilhosas na praia, à beira mar, com hífen ou sem, mas com muito gozo dos bons ares de 2011. Como trilha, o de sempre - The Police, Chico Buarque, Toquinho, Roberta Sá, Stacey Kent, Norah Jones, Kings of Convenience e as clássicas violonadas da minha família. Nada como um violãozinho antes do almoço, depois da praia.

[É, boy. Se eu não casasse com um músico não sei qual seria meu destino. Minha vida tem trilha...Affff..]

Mês de sossego, o filho brincando o dia todo e matando as saudades de mimi, família reunida, irmãs e brincadeiras que só a gente entende, guloseimas, baganas, caminhadas, banhos de mar, pé descalço o dia todo, violão, livros, CDs, dormir cedo, baralho, xadrez, war (glup). Need...

Quem quiser ir por lá, meligabaiber.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Glückliches neues Jahr. Schönen neues Jahr.


2011 para mim teve gosto de 01. Sim, o primeiro ano de uma vida novinha em folha. Espero que em 2011 a luz divina possa clarear vossas mentes para que saibam chorar nos momentos ruins com esperança e sorrir com firmeza na bonança e acima de tudo que tenham o discernimento para examinar cada ato agindo sempre com amor. Que a ira, a cobiça e a tolice sejam inimigos fracos para vossas mentes. A lei do retorno existe sim, por isso plantem sempre a semente do bem e faça do mundo o mundo que todos nos sonhamos.

Luz, paz e amor para todos.

(Texto by Helissazzzzzz)

Seu fingir dormindo, lindo


Nos lençóis da cama, bela manhã
No jeito de acordar
A pele branca, gata garota
No peito a ronronar
Seu fingir dormindo, lindo

Você está me convidando
Menina quer brincar de amar
Você esta me convidando
Menina quer brincar...

No escuro do quarto, bela na noite
Nas ondas do luar
Seus olhos negros, pantera nua
Vem me hipnotizar
Eu olho sorrindo, lindo!

Você está me convidando
Menina quer brincar de amar
Você esta me convidando
Menina quer brincar...

Você está me convidando
Menina quer brincar de amar
Você esta me convidando

(Noite e Dia)
(Brinde: Corações Psicodélicos)

sábado, 1 de janeiro de 2011

(A Poesia para Libra)


Equilíbrio
Henriqueta Lisboa

Estar não estando
no riso e no pranto.
Posso ir sem domínio dentro do possível.
Ser de si o oposto
sem deixar de ser
imóvel movente
que só por angústia
de tempo resvala
para achar o fluxo
do plectro em refluxo.
Pendente da sorte
do imã da força
dos próprios recuos, o pêndulo pende
mediante a tangência
de eflúvios
que estuam
adversos
à inércia.