O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

quarta-feira, 30 de março de 2011

Sermão informal sobre o resmungo


Ouço por aí as pessoas reclamando dos dias que têm vivido. Da má sorte, dos tapas na cara, dos “nãos”, das pedras, dos buracos, da chuva e dos empecilhos. Eu me calo. Posso estar mais ou menos errada, mas não por completo: penso - aquilo que você julga acontecer com você nada mais é do que o reflexo do que você faz aos outros (investigue bem lá no fundo, debaixo do tapete: há algo de sujo nos seus atos e você nem se deu conta disso.). É a lei da ação e da reação. O que bate, volta. Pense em tudo o que você já falou sobre os outros. Pense em todas as suas atitudes maldosas, na inveja que você sentiu (e a camuflou com vestes de desdém), no preconceito, no desprezo, nas críticas, nos boatos. Antes de achar que haverá sempre um bem para recompensar a sua coitadinha 'má fase', atente para a obrigação de reconhecer seus defeitos e antes de qualquer coisa conserte-os, porque só então a recompensa vem. A lição para quem se dispõe a aprender. O bem para quem é bom. O mal para quem maltrata. E não se iluda com todos aqueles injustos se dando bem por aí – se não aqui, acolá eles terão as “recompensas” deles. Nada nesse mundo passa desapercebido. Já ouviu falar que o mundo dá voltas? Já ouviu falar em muitas vidas? Já tentou ser uma pessoa melhor nesta?
Pois vou contar um segredinho. Aquele que lhe faz o mal na verdade é o mais infeliz dessa história, e não você (o que sofre). Ele é fraco de alma, de fé, de paz e de tudo o que for positivo. Ele sofre, e por não saber o que fazer, agride. Você é a vítima, e a melhor resposta que poderá dar aos outros é a sua felicidade inabalável. :)
Essa, certamente, contaminará quem estiver à sua volta, e o ser infeliz com certeza deixará de ferir você e passará a viver a própria vida, saindo da mediocridade.

domingo, 27 de março de 2011

my wonderland

Navegar é preciso. :}
Felicidade? Consequência boa.
Dias gostosos com maridón e filhotinho. E comigo. COMIGO!!!
Paz e semanas recheadas só com aquilo que realmente gosto. Faculdade. Filosofia. Filmes. Work. Paz again. Espiritualidade. Seguindo uma trilha na qual não preciso esperar por ninguém. Bom demaissssssssssssssss....... E por falar em trilha, esta por sua vez sonora - dã - Mumford & Sons. Totalmente trilha dirigística carrística dos meus dias. Volume nas alturas. Fica a dica.

Só digo mais uma coisa: no dia 6 de junho Deutschland me espera. Feliz pelas tabelas.

outra coisa é o Homem de viver


Terça-feira. Despretensiosamente - quase que por transmissão de pensamento ou coisa que o valha. (...) Ao fundo, o ruído gostoso da chuva. Foi no dia 22 deste mês, há uns dias, logo ali na sala, antes de dormir. Foi na volta da faculdade, quase desacreditada de ainda render mais alguma coisa. Mais precisamente às 22:45, na TV da sala, que é para não acordar o marido. Ali. No Canal Futura. Entre o chá de camomila com hortelã, o leite gelado com Nescau e os copos de água. Eis que, num desespero proveniente da insônia e no chaveamento frenético dos canais, alcanço o ‘32’ e me deparo com o fantástico programa “Umas Palavras”, com o mais fantástico ainda Benedito Nunes. E faço todo esse alarde só pelo fato de haver ali uma grande coincidência, pois justo nesse dia eu reli tanta coisa dele..., como quem não se conforma que ele foi e não volta.

Voz doce. Perspicácia sem tamanho. Conhecimento de mundo que chega a doer no meu calo de inveja. Analogias completamente pertinentes e inspiradoras. Heidegger e Sartre via Clarice Lispector. João Cabral. Deslizamento da Clarice. Aquele do vigor verbal extraordinário. Uma coisa é o homem de escrever, outra coisa é o homem de viver. A crítica literária floresce quando floresce a Literatura. E, permitindo-me parafrasear ainda mais o filósofo e crítico, aprender alemão é o “serviço militar” para se entender [e aprender] a Filosofia. E aí as coincidências gritam...

terça-feira, 15 de março de 2011

desconexo III


Meu mundo fantasmagoricozinho dilacera meus sentidos. Estou, talvez, perdida neste tempo, meramente colada à embalagem deste lugar que me soa um perfeito estereótipo. Mas sei que não o é. Anseio tanto por definir-me que as palavras, tímidas, se escondem, e quando as encontro, sinto que não me bastam (da mesma maneira sucede com as vírgulas, não nego). Por mais que eu tente compreender as pessoas, por mais que eu tente visualizar seus profundos, por mais que eu persista, eu sempre vejo espelhos nelas, e ao invadir seus sonhos e seus sentimentos acabo me vendo ali, em cada uma. Termino sem compreensão nenhuma, pois inutilmente não compreendo a mim mesma.

Não enxergo os outros. Tento - arduamente -, mas não é sempre que nos dão a verdade. Perco-me no emaranhado dos quereres, deixando de viver, por um segundo, e então preciso começar tudo outra vez. - Tua pele, meu domínio. Teu cheiro, meu desejo... Assim a roda viva sabiamente me põe deitada ao seu lado novamente, e então ali encontro a chave para todas as respostas, o em-si e o para-si do nada, o tudo, o ‘ter a certeza’ de que é para ali que os pássaros sempre voam no final das estações. É o destino de querer ser feliz e cuidar do que possui. É saber que você me protege do mundo. É honrar as decisões e agradecer por não precisar de mais ninguém. É entender que do lado de fora haverá sempre alguém que desejará me corromper, que desejará te corromper, e a bolha não estourará. Me orgulho. De todas que sou, não há nenhuma que não te queira, não há nenhuma que não te ame e por ser assim brigam em mim.

desconexo II


...E eu que sempre me firmei no que parecia não ser óbvio, lhe encontrei mais uma vez. Continuo a acreditar no paradoxo que vivem as paralelas do mundo. Eu sou uma estrada interminável. Sou feliz.


É preciso saber o que se compreende, ou pelo menos ter consciência daquilo que se compreende. Como se tudo dependesse de uma compreensão primária, que não satisfaz - se for superficialmente analisada. É preciso traduzir-se a fundo, porque eu sou por dentro, mas também por fora.

Sempre é melhor amar demais do que de menos. Ame!... O resto é besteira. O resto não é. O amor é um enigma. E esse enigma faz de mim esfinge: "Decifro-te ou devora-me!"

Existir é algo muito complexo, há sempre dúvidas quanto ao que é real, e quanto ao que não é. Por isso, sempre digo que não existo - eu sou! “Ser” é pura metafísica. Existir, pura ilusão. E o claro me cega a alma.

sábado, 12 de março de 2011

desconexo


Tua pele é meu domínio. Deito ao teu lado e me entorpeço com as vertentes do teu cheiro. Recosto-me em teu pescoço. A barba, mal feita, esta na medida do meu desejo, arranha meus temores trazidos dentro da bolsa, os quais catei nas ruas de tempestade. Teu timbre grave os destrói na primeira palavra, não me preocupo. Não tenho medo. Vivo na bolha, nas paredes coloridas desse quarto silencioso. Vivo no silêncio e nos acordes da tua companhia. Teu suor, mero reflexo de tua posse: já me vejo entorpecida. – e então não consigo controlar minhas mãos. Meus olhos te buscam. São olhos que se perdem no verdadeiro significado do olhar. E eu tento ver, no invisível imaginário, aquilo que minha alma busca, o que me consome depois de consumida.


Olhar pela janela e entender que a clausura do quarto nos protege de tudo, mas ao mesmo tempo nos faz melhores para o mundo. Quem sabe mais vulneráveis, mas, sinceramente, é no paradoxo que as coisas se encaixam. O mundo lá fora se faz carente. Existem os outros, em inferno e paraíso. Lembrei até de Sartre. Viajo.

quinta-feira, 10 de março de 2011

La femme comme il falt


O primeiro olhar lançado sobre ela é como um prefácio de um belo livro, ele lhe faz pressentir um mundo de coisas elegantes e finas. Em meio às vulgaridades, encontra-se, por fim, uma flor rara. Ela não veste cores berrantes, nem meias que chamem atenção, nem a fivela do seu cinto é muito trabalhada; é da mais requintada simplicidade.


La femme comme il faut sabe como prendê-los dos quadris ao pescoço e sugere as mais belas formas ao escondê-las. Ah! Como ela domina, permita-me a expressão, “o ritmo da caminhada!”. Possui, enquanto caminha, um arzinho digno e sereno, como as madonas de Rafael em seus quadros. Vê-se a figura fresca e, repousada de uma mulher segura de si, sem fatuidade, que nada vê e tudo vê, cuja vaidade embotada por uma contínua satisfação expande sobre sua fisionomia uma indiferença que desperta curiosidade. É impossível confundi-la com a burguesa, que está sempre ocupada, sai não importa o tempo que faça, apressa-se, vai, vem, olha, não sabe se entra ou não entra numa loja. Ao passo que a femme comme il faut sabe bem o que quer e o que faz.

Ninguém como a femme comme il faut para estar à vontade dentro de suas vestes; nada a incomoda (...) Ela sabe comunicar o valor do pensamento por uma maneira de se conduzir inimitável. É sábia o suficiente para lhe fazer sempre esperar...

A femme comme il faut é dona dessas nuances, de maneira maravilhosa.



[Estudos de Mulher;
Honoré de Balzac.]