O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

domingo, 28 de abril de 2013

sexta-feira, 19 de abril de 2013

daqui pra lá não vai sobrar nada pra ser

Abro os olhos com o rosto ainda afundado entre os dois travesseiros - um que apoia a cabeça, um que protege da claridade da luz que vem da janela ainda sem cortina. Pontualmente às seis, quando o despertador do celular já não aceita mais soneca, levanto-me e por um quarto de tempo não me reconheço no espelho - o rosto amassado e marcado com as flores da fronha, o pescoço doído e marcado do torcicolo da madrugada, o cabelo fora de eixo e as olheiras de até bem mais tarde. E nessa rotina de fitar as marcas do rosto e as chagas dos outros e os fios despenteados por longos minutos, enquanto a água fria faz o seu papel, lembro de como me espalhei em cada canto do meu quarto. Por fim, o banho quente me abraça. O creme do cabelo me anima. É cheiro de outro-dia. É sinestesia. Mentalizo já no café com leite - quente e doce - a minha rotina e enumero os afazeres do dia. Lembro que é dia de sentir saudades. Lembro que há seminário para fazer. Lembro do relatório. Lembro da tese. Lembro que é o dia do amaciante e do sabão em pó. Lembro da lista de compras. Lembro de trocar os lençóis, lembro de atender ao telefone, lembro de marcar os médicos do mês de Abril, lembro de tudo, lembro dele. E lembro de novo das saudades. Mas pera lá, algo muda, hoje é sexta, e aí...


terça-feira, 16 de abril de 2013

mit Zucker, mit Liebe

Quando a palavra "vício"  torna-se banalizada no cotidiano, longe de representar as falhas e fraquezas patológicas dos outros, mas perto demais de ser confundida com a virtude dentro de mim. Porque passa longe de ser aquilo que me prejudica, tem feito milagres no meu dia-a-dia. Seja um sabor, um cheiro, uma cor. Tudo ficou mais bonito, mais puro, mais simples, com bordas e texturas, com limites e contornos - não mais solto no todo, não mais abstrato e subjetivo. Besteiras de sorrir para o pardalzinho na janela, já não sei quão satisfeita eu sou.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

cayman islands


Todo o processo vertiginoso - ainda insistente - de conter o frio na barriga enquanto as borboletas fazem a festa; todo o ritual de sentir saudades e de corar as bochechas à medida que as horas passam, à espera da noite; o tom de voz pueril que escapa entre as palavras, já sem controle; as músicas cada vez mais melódicas - tudo condena o pieguismo do recomeçar e do não-ter-medo-do-amanhã. Se durar um dia, certamente foram as 24 horas mais doces das últimas épocas. Se entranhar como um para-sempre, não importa o tempo, serei boba sem pudor e sem prazo de validade. E não é essa a graça, afinal?

quinta-feira, 4 de abril de 2013

hm

Vertigem, vertigem, coração palpita; Sinestesia - e essa só presta de olhos fechados -, metonímias fáceis e todos os sentidos à flor da pele. E um nome que ecoa na cabeça, fonemas que sibilam e que acalantam, e um cheiro que permeia a roupa, e o gosto que só sentindo, e a alma que me salvou do precipício, o oposto dos medíocres, o oposto da angústia. E é uma alma das mais encantadas. Sente e lê a mente. Crente de presente. É o silêncio, é o olhar tranquilo. É a saudade. Perto, sou verme. Sou cega. Sou outra. Sou melhor.

Uma trilha sonora já fixa, um sussurro contracenado com suspiros. Ceguei, ceguei, a tua luz...