O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

sexta-feira, 19 de abril de 2013

daqui pra lá não vai sobrar nada pra ser

Abro os olhos com o rosto ainda afundado entre os dois travesseiros - um que apoia a cabeça, um que protege da claridade da luz que vem da janela ainda sem cortina. Pontualmente às seis, quando o despertador do celular já não aceita mais soneca, levanto-me e por um quarto de tempo não me reconheço no espelho - o rosto amassado e marcado com as flores da fronha, o pescoço doído e marcado do torcicolo da madrugada, o cabelo fora de eixo e as olheiras de até bem mais tarde. E nessa rotina de fitar as marcas do rosto e as chagas dos outros e os fios despenteados por longos minutos, enquanto a água fria faz o seu papel, lembro de como me espalhei em cada canto do meu quarto. Por fim, o banho quente me abraça. O creme do cabelo me anima. É cheiro de outro-dia. É sinestesia. Mentalizo já no café com leite - quente e doce - a minha rotina e enumero os afazeres do dia. Lembro que é dia de sentir saudades. Lembro que há seminário para fazer. Lembro do relatório. Lembro da tese. Lembro que é o dia do amaciante e do sabão em pó. Lembro da lista de compras. Lembro de trocar os lençóis, lembro de atender ao telefone, lembro de marcar os médicos do mês de Abril, lembro de tudo, lembro dele. E lembro de novo das saudades. Mas pera lá, algo muda, hoje é sexta, e aí...


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.