O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

a lot of keys and 6 hands.

The Weight Of My Words - Kings Of Convenience

There are very many things
I would like to say to you,
but i've lost my way
and I've lost my words.
There are very many places
I would like to go
but I can't find the key
to open my door.
The weight of my words-
you can't feel it anymore.
The weight of my words-
you can't feel it anymore.
There are very many ways
I would like to break the spell
you've cast upon me.
Because all the time
I sacrificed myself
to make you want me,
has made you haunt me.
The weight of my words-
you can't feel it anymore...

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Tempo bom, bom, bom, muito bom.

sábado, 27 de agosto de 2011

"ao meu jeito eu vou fazer..." - a sempre feliz.


A vida? A vida é uma pergunta, costumo dizer. A vida é contentamento. É a relação da alegria e dos seus contrários. A alegria não é negar a tristeza, a propósito. É saber que a tristeza existe e ainda assim fazer-se sentir. A alegria é a prova dos nove, já dizia Oswald de Andrade. É uma transformação metafísica, a superação que Nietzsche lembraria, a transformação da dor no prazer. É pura catarse. É suspiro. É a possibilidade de refletir em regozijo. A alegria é a felicidade como um tempo, e não uma constante. Há momentos, há o meu mundo – afirmação dos opostos, como já disse. É como sambar: chorar de alegria, sorrir de nostalgia, falou Noel Rosa. Uma pausa de mil compassos, (...) e nada mais nos braços, só esse amor, assim, descontraído - cantou Paulinho da Viola.

O fio de esperança fia-se no escrever. Esperança de não me esquecer.

Sou aquela que já não tem tempo pra mais nada. A cigarra que consegue ser formiga. Cronometra os minutos de arrumar a casa, antes da maratona de aulas e afazeres. Sou a que valoriza cada partícula de acontecimento do dia-a-dia, a partir de agora. Um gole d’água, compras no supermercado, aula de alemão, um filme na cama. O que for. Sou a única pessoa no mundo que só gosta de tomar banho no escuro, com música, a água bem quente. Sou a única pessoa no mundo que só faz reclamar de tudo, uma chata em potencial. Sou a única pessoa no mundo que se vicia MUITO em água com gás, gelo e limão, e o resto é resto, na medida do possível. Sou a única que tem o coração de geléia, sente rancor mas deseja o bem das pessoas. Sorrir não dói, fica a dica. Sou a única pessoa no mundo que, movida por um dicotômico e recente desvelamento, passa longe dos padrões de mulherzinha. A incompreendida. A que não é amélia. A que, se exausta, tem o marido que também varre, lava louça, lava banheiro, cozinha maravilhas, faz massagens. A que tem megalomania nas leituras. A que engole palavras. A que não fala alto. A que fala baixo, muito baixo. A que não consegue ser falsa. A que odeia retórica vazia de significado. A que arqueia muito as sobrancelhas, a que espreme os olhos porque os óculos não ficaram prontos, a que é sempre sisuda, a do sorriso de monalisa. A que critica. A cética. A que é sincera demais no que diz, dane-se. Aquela que é o que é, a que se decepciona por conhecer pessoas que preferem o clichê raso e pré-fabricado, hermeticamente igual. A que se deslumbra com as pessoas inquietantes nas excentricidades. A que não suporta a metade das coisas. A que quer tudo. A que adentra as entranhas. A que antipatiza a prepotência alheia. A que, narcisicamente, escreve besteiras.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

o moralista que tudo vê

‎"Minhas peças têm um moralismo agressivo. Nos meus textos, o desejo é triste, a volúpia é trágica e o crime é o próprio inferno. O espectador vai para casa apavorado com todos os seus pecados passados, presentes e futuros. Numa época em que a maioria se comporta sexualmente como vira-latas, eu transformo um simples beijo numa abjeção eterna.".

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"Manuel Bandeira chegou pra mim um dia, quando eu e meus personagens éramos odiados, e disse:' Nelson, por que você não faz uma peça em que os personagens sejam assim como todo mundo?' Eu respondi da forma mais singela: 'Mas meu caro Bandeira, meus personagens são como todo mundo.' Porque uma coisa é verdade: quem metia ou mete o pau no meu teatro está procedendo como um Narciso às avessas, cuspindo na própria imagem."

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“A ficção para ser purificadora precisa ser atroz. O personagem é vil para que não o sejamos. Ele realiza a miséria inconfessa de todos nós.”;

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....E esse é o moralista que nos cala antes mesmo de pensarmos em fazer o erro. Nelson Rodrigues, desvelado em uma ótima palestra com o fantástico Prof. Roberto Machado, esta noite. Volto para casa sentindo falta de óculos, mas a engolir toda e qualquer peça possível.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

claro e transparente como o sorriso que você julga me dar.


Um caminho muito complicado é aquele que tentamos traçar com pessoas que nos decepcionam, seja por um ato ou por um mal que dizem a nosso respeito. Essas pessoas deveriam saber que, nas suas tentativas de se fazerem vítimas nos julgamentos que sucedem a mágoa, o Homem certamente não é só aquilo que faz de si, mas também o “a partir da compreensão do outro”. Um ser-no-mundo. O Outro define e completa o ser. Basicamente, saiba que você não é apenas o que você julga e jura ser ou não ser, mas também o reflexo do outro, o "lado de fora", o espelho (pessoas), o que enxergam de você. O outro é o espelho que reflete o que eu sou. É aí que habita a dualidade da nossa existência, a lei da ação e da reação. Do fazer e de ter consequências. Do "ser algo para os outros" a partir de seu próprio comportamento. Usar máscaras não funciona, tampouco dizer que não é isso ou aquilo. Uma vez tendo agido errado, não há volta. Não existe "atrás do pano", não existe cortina, ou é, ou não é. Quem fala o que quer, mais cedo ou mais tarde ouvirá o que não quer (pelas costas, como uns, ou diretamente, como prefiro). Mesmo que eu lamente muito, mas muiiiiito isso.

Siga em frente.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

que sempre voem as nossas asas do saber e do ser.

"Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser Esquecer."

[Carlos Drummond de Andrade]

(...nada mais metafísico...sempre, sempre choro.)

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Homenagem ao meu filho LINDO que, neste dia 11, completa quatro aninhos de muita, mas muita gostosura, alegria e perspicácia. Você, filho meu, representa em seus quatro anos toda a minha ETERNIDADE de sentimentos e de aprendizado. SEJA. E seja MUITO feliz, da maneira que quiser, da maneira que for.

Lindo, lindo, lindo. Metafisiquemos..., seja, e assim exista. TE AMO.
*chorando...*

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

na paz mais incrível que existe - a interior.


Gosto das coisas que chegam assim, desfazendo o planejado, reconhecendo-se ao avesso no premeditado, espantando-se no imprevisível. Tudo aquilo que vai além do visível, do humano e do planejado me fascina. A coincidência da cor da parede com o humor de uma visita, a sisudez de um bom dia desvairado ao sintonizar a rádio que lhe presenteia com a mensagem primordial do recomeço, o amigo que lhe encontra e refaz aquele abraço que até então você necessitava, a TV que desacelera seus pensamentos quando você já está a ponto de explodir.

No chaveamento dos canais me entrego ao Sem Censura, mato a saudade no melhor estilo que a nostalgia me proporciona e encaro, sem delongas, a trilha do meu momento mais precioso – o de acordar amanhã.
Ele, tão lindo. Embalou e deu poesia ao meu cíclico reapaixonar-me, antes de selar meu destino. Sua voz é prelúdio de eu poder me apaixonar a qualquer momento, e sempre poderei. Eu posso agora.
Tenho com ele um passado de alentos inimagináveis, companheiro de CD surrado dentro do carro, em crises de choro por me atrever a ouvir Metade incansavelmente no caminho da minha casa para a faculdade, adentrando a sala com olheiras de sentimentalismo; Culpado, ele, por corroer-me em bandolins de uma dançarina solitária, em lua e flor, em estrelas e, no mais cruel das minhas vísceras, reencontrando-me em sua versão de Sem Fantasia..., com lágrimas e contorcionismo, entre a terceira e a quarta marcha's', sabendo que sempre não é todo dia.

Minha misantropia sempre reconheceu o seu timbre - e ai como eu amo o seu grisalho -, mãos que dedilham as cordas do violão e, veja só, por acaso pegaram-me no colo mais uma vez. A partir de então posso morrer e nascer o quanto eu quiser, o sonho de agora, e não de outra hora.
Preciso dizer que nesse momento eu choro um mundo inteiro?

zu leben - zu lernen


Vida que jamais perece, contínua máquina rotatória que gira, gira, gira, (mas não na redundância das palavras...), vida que jamais se deixa paralisar por qualquer circunstância. Vida boa que tarda a se entristecer, mestra de tantos mortais, dá-me mais um dia de aprendizado na felicidade. Vida de dicotomias, vida que me guarda. Ciclo de encontros e despedidas, de idas e vindas, de partidas e regressos. É real e é de viés e, como bem sabemos de tudo aquilo que vivenciamos - existir, problematizar, resolver, respirar fundo para o próximo batente, acordar e dormir: similar à Hidra de Lerna, cortada uma cabeça aparecem outras cem...

"E por fugir ao contrário, sinto-me duas vezes mais veloz", diria Chico Buarque.