O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Meu amigo misantropo


Meu querido colega de sala, aluno de Filosofia como eu, e não sei se ainda niilista, mas um agradável parceiro em algumas jogatinas de xadrez, nos intervalos das aulas. Dono de uma super inteligência e senso crítico. Jovem e de um senso filosófico extremamente promissor. Agora, com um blog repleto de personalidade. A quem gostar, como eu, cá está.


quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

turn out the lights yeaaaaah

When the music's over
When the music's over, yeah
When the music's over
Turn out the lights
Turn out the lights
Turn out the lights, yeah

Glay que não aguenta mais ouvir: Tocathedoooooooooors.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Narciso e o espelho colado


Lutar com as palavras - já dizia Drummond.

Admire-se ao prestar atenção em tudo o que ocorreu neste ano. Ponha as lentes de grau ou de lucidez, mas veja dia a dia sua marcha até aqui. Trezentos e sessenta e cinco, cada um completamente diferente do outro – dias com preguiça de terminar, mas com ares de mestre.

Fecho os olhos, suspiro. Um nó na garganta, lágrimas de exaustão. Passo a chorar bastante, assim, do nada. E concluo...

Não reclamo.
Não questiono.
Sem ironias.
Somente agradeço.

Meu Deus. O quanto agradeço.

Agradeço, neste final de mais um percurso, por todo o aprendizado. Em caixa alta, em negrito, gritado. Minha força tamanha de agora só foi possível pela dor incessante de cada dia de um ano tão cruel, a ponto de ter sido – disparado - o pior ano da minha vida.

Muito obrigada por isso, Chefe.

Obrigada pelo ano que me foi dado. Aprendi muito. Obrigada pela saúde que reconquistei, já perto da linha de chegada. Obrigada também por meu filho ter evoluído tanto, por ser esse menino tão inteligente e forte que ele é. Por ser divertido, tranqüilo e obediente. Obrigada por ter dado uma segunda chance a muita gente que precisou dela. Essa gente é muito importante para mim. Obrigada por ter me dado paciência e complacência, para mais um ano buscando o melhor para minha família, mesmo que ainda pequena. Obrigada por ter protegido minha casa, e pronuncio isso com tanto orgulho - meu lar, meu ninho. Sou dona de algo inenarrável. Nele, moram comigo dois homens, veja só, eu que sempre tive o conforto de dividir hábitos de organização com irmãs, moro agora com dois meninos que bagunçam, que viram minha sanidade de cabeça para baixo, mas que me ensinam tanta coisa, mesmo na clausura e na castração.

Obrigada pelas lágrimas que derramei e que ainda posso derramar. Muita gente não sabe a importância que elas têm ou sequer consegue derramá-las.

Obrigada por estar preparada para um próximo ano maravilhoso - este torço que seja egoisticamente bom e produtivo para mim. Prometo não me esquecer do que aprendi. Que eu tenha a companhia dos outros, e que eles me acompanhem, dessa vez, já que fui sempre a sombra das decisões deles. Quero um ano de voz ativa, posso? Acho que depois de 25 anos eu mereço pelo menos um dessa maneira, não é?



segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

FROHLICHE WEIHNACHTEN

O claro e o escuro de esperar e conquistar.




"Lights will guide you home
And ignite your bones..."

*
Dezembro tem um cheiro que nenhum outro mês tem. Cada mês, a propósito, tem o seu. Já pararam para sentir?

Este cheira a etapa cumprida, ciclo encerrado.
Feliz última semana de um longo ano, comprido, porém cumprido.
Lições e lembranças que amadureceram mais uma ruga no meu rosto.
Foi tudo tão exaustivo, mas com lições tão lindas...
Natal lindo, família.
O Gordinho arrumou a árvore sozinho...
...Mas todo mundo viveu o momento de renovação.

FROHLICHE WEIHNACHTEN.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Frohe Weihnachten für den Geist


Feliz Natal para a mente.
Como Ícaro não deixou o pai fazer suspense e contou logo o que era, ganhei antecipadamente o meu presente de natal. Snif! Ameiameiameiameiiiii. Acertou em cheio.
Louca para inaugurar. Alguém?
Ícaro seguirá o meu exemplo e aprenderá ainda criancinha. É algo fantástico, acredite!

Quando eu digo que às vezes meu boffy lê pensamento...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010


"Porque há o direito ao grito.
então eu grito."

(Clarice Lispector)


...chegar em casa e ter colo para derramar as lágrimas.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Gott weiss ich will kein Engel sein


Wer zu Lebzeit gut auf Erden
wird nach dem Tod ein Engel werden
den Blick gen Himmel fragst du dann
warum man sie nicht sehen kann

Erst wenn die Wolken schlafen gehen
kann man uns am Himmel sehen
wir haben Angst und sind allein

Gott weiss ich will kein Engel sein

Sie leben hinterm Sonnenschein
getrennt von uns unendlich weit
sie müssen sich an Sterne krallen (ganz fest)
damit sie nicht vom Himmel fallen

Erst wenn die Wolken schlafen gehen
kann man uns am Himmel sehen
wir haben Angst und sind allein

Gott weiss ich will kein Engel sein

Erst wenn die Wolken schlafen gehen
kann man uns am Himmel sehen
wir haben Angst und sind allein

Gott weiss ich will kein Engel sein

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Soberania - Manoel de Barros



Naquele dia, no meio do jantar, eu contei que tentara pegar na bunda do vento — mas o rabo do vento escorregava muito e eu não consegui pegar. Eu teria sete anos. A mãe fez um sorriso carinhoso para mim e não disse nada. Meus irmãos deram gaitadas me gozando. O pai ficou preocupado e disse que eu tivera um vareio da imaginação. Mas que esses vareios acabariam com os estudos. E me mandou estudar em livros. Eu vim. E logo li alguns tomos havidos na biblioteca do Colégio. E dei de estudar pra frente. Aprendi a teoria das idéias e da razão pura. Especulei filósofos e até cheguei aos eruditos. Aos homens de grande saber. Achei que os eruditos nas suas altas abstrações se esqueciam das coisas simples da terra. Foi aí que encontrei Einstein (ele mesmo — o Alberto Einstein). Que me ensinou esta frase: A imaginação é mais importante do que o saber. Fiquei alcandorado! E fiz uma brincadeira. Botei um pouco de inocência na erudição. Deu certo. Meu olho começou a ver de novo as pobres coisas do chão mijadas de orvalho. E vi as borboletas. E meditei sobre as borboletas. Vi que elas dominam o mais leve sem precisar de ter motor nenhum no corpo. (Essa engenharia de Deus!) E vi que elas podem pousar nas flores e nas pedras sem magoar as próprias asas. E vi que o homem não tem soberania nem pra ser um bentevi.


Texto extraído do livro (caixinha) "Memórias Inventadas - A Terceira Infância", Editora Planeta - São Paulo, 2008, tomo X, com iluminuras de Martha Barros.



Parabéns ao maior poeta em atividade no país por seus 94 anos de paixão e doação à nossa Literatura. Amo!
19/12/2010

domingo, 19 de dezembro de 2010

mit Zucker, mit Liebe


Pela marca que nos deixa
A ausência de sol que emana das estrelas
Pela falta que nos faz
A nossa própria luz a nos orientar
Doido corpo que se move
É a solidão nos bares que a gente frequenta
Pela mágica do dia
Que independeria da gente pensar
Não me fale do seu medo
Eu conheço inteira sua fantasia
E é como se fosse pouca
E a tua alegria não fosse bastar
Quando eu não estiver por perto
Canta aquela música que a gente ria
É tudo que eu cantaria
E quando eu for embora, você cantará


Dezembro. Férias, família, meninos que arrumam e desarrumam a casa, sossego, estrelas, olhos fechados.

Brinde: Cinema, Leo e Bia.

sábado, 18 de dezembro de 2010

ein Buch mit sieben Siegelns


Não sou de contar segredos (me refiro realmente a segredos, ein).
Mas quando estes são os meus, uma vez ou outra não faz mal a ninguém.

...Especialmente quando estão diretamente ligados à minha alma, digamos assim. É o além-corpo.

Sempre que eu anseio por sair de órbita e enxugar os meus pensamentos, entrando no meu plano de espiritualidade, dou espaço ao meu compositor clássico favorito, Mozart. Isso é uma coisa que não saio comentando por aí. Até porque a fé anda tão banalizada – e tantas vezes esquecida – que os clichês sempre cheiram mais do que a sinceridade. Como eu dizia, não é algo que eu já tenha comentado com alguém. Na verdade até então ninguém sabia, embora eu já tenha mencionado ao meu marido, por exemplo, minha predileção pelo clássico austríaco (estou certa?). E ele não deve nem se lembrar mais, homens!.

Espiritualidade. É algo tão particular quanto o próprio pensamento – se não for externado, ninguém o ouve. Principalmente quando se trata de algo tão intrínseco, como é para mim.

Cada um tem o seu ritual de cura, de relaxamento, de extravasamento, de libertação, de encontro com a espiritualidade. Em alguns dias eu prefiro até caracterizá-lo como “exorcismo”, mas só por completa ignorância etimológica mesmo. - Tem a ver com o Bem, e não com aquele lá embaixo. - Cada um denomina como preferir. Cada um tem seu meio de escape. Uns fazem uso do incenso, por exemplo. Eis um artefato que sinceramente amo, mas que procuro evitar nos dias em que o bebê está em casa. Outros simplesmente deitam em uma banheira quente, acendem o que lhes for conveniente e relaxam (idem). Outros ouvem o seu CD predileto, outros bebem, outros vão à igreja, ou acampam. Outros dormem mais do que o habitual. Alguns preferem o silêncio absoluto. Alguns rezam, somente.

Eu ouço uma música enquanto rezo. É isso. A história dela, aí sim, fica sempre só para mim. Essa eu não conto, nunca. Mas desde então ela passou a ser meu campo de passagem e de êxito, para quando preciso externar meu lado – tão escondido, porém presente – espiritual. Não é fácil chegar à outra dimensão de mim.

Não somente à sua obra, me prendi especialmente a uma predileta. Foi amor à primeira “vista”, há mais de 15 anos. Apresento-lhes, finalmente. No “repeat” do CD, Clarinet Concerto: II. Adagio.

Ela me ajudou a redimir, a me consolar e a me reestruturar nos piores momentos da minha vida. É a trilha de fundo para quando rezo na maneira mais intensa que posso. É um peso das costas que dessa vez e sempre tentarei tirar, mas que ainda assim será história nas minhas lembranças.

Mas a fé ajuda.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

noli me tangere


Este sentimento não é o meu, não é meu. Sempre foi sentido por osmose, devo admitir. Não surgiu daqui de dentro - Veio de fora, para fora. Estou há tempos presa em uma gaiola fria, com as mãos amarradas ao pensamento..., este volta e meia castrado junto ao meu corpo, junto ao que sinto, ao que desejo, e que por sua vez nunca pôde veramente ter vontade própria, seguindo sempre outros passos. É difícil admitir, mas muito mais reconhecer. Enxerguei só agora. Minto. Enxergo desde o começo, mas mascaro.

Sacrifiquei coisas que não tinham culpa de nada por algo que me levou o último suspiro de alegria e juventude.

Que ano. Sorte que não caminho sozinha. Existe você.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

mitonarcisicoeabipolaridade


Vejo-me de relance no reflexo da janela do quarto, agora com planos de cortinas floridas. O que observo me agrada, mas não convém. Tudo ali, rapidamente, estava coerente – tudo fazia sentido. Chego a pensar que nem sempre o reflexo é condizente com a realidade do objeto. É essência? E desse modo caio numa das mais tristes conclusões que já me ocorreram. Quase ninguém gosta de ver-se por completo. Não me refiro ao físico. Não falo da beleza, do corpo, do cabelo penteado. Pena que você limitou seu raciocínio ao julgar isso. Falo do que de fato somos - interiormente; falo dos atos e dos pensamentos. Refiro-me ao que transcende tudo aquilo que imaginamos expor – tudo o que está oculto debaixo das nossas línguas, o não-dito, porém vivido. Temos medo da nossa verdade absoluta (essa, quase uma lenda), temos receio de conhecermo-nos inteiramente. É quase fatal. Isso me faz lembrar o mito de Narciso... Amo.

É tão difícil termos coragem de enxergar aquilo que realmente somos, sem máscaras, ali, diante do espelho – nossa consciência, nosso disfarce ao avesso. O reflexo de relance sempre foi o mais conveniente. Nossa memória seletiva, junto com nossas máscaras, delineiam o protótipo do que achamos que somos... O que eu posso dizer daquele que consegue enxergar além do espelho...? Você não existe, amigo. Mas, caso exista, compro sua vida. Troque-a comigo! Ou será que todos nós podemos, atravessando a noção do que há dentro da gente, enxergar além da miragem? Só sei que ali, no reflexo, eu vi felicidade. E ai de quem negar isso a si próprio.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010


No minuto seguinte já não sinto mais o gosto do último gole. É um sabor que já não se fixa no paladar. É o medo de não ter coragem para admitir. É a coragem, propriamente dita, entregue a outra pessoa – eu não sei usá-la mesmo. É o pensamento em outro lugar. As palavras fugindo, quase que pulando pela janela. Livros que ocupam todas as preocupações, que distraem todo o desconforto, com cores e palavras descabidas. Livros que quando unidos com os outros lidos este ano, já vão em 36, eu acho. São 36 desculpas para fugir da realidade. Mascarada, continuo a ir aos mesmos lugares, freqüentando os mesmos recintos que lhe convêm, só para que não perceba que fui embora há muito tempo e que deixei meu corpo aqui.

Não vou precisar dele mesmo.

Sorte que você está ali. Junto com os móveis, estes sempre no mesmo lugar. Junto com as novas cores do apartamento, junto com o novo arranjo da mesa da sala. Junto com a nova e grandiosa árvore de natal.

Retalhos que costurados formam algo completamente diferente do original.