O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

terça-feira, 23 de novembro de 2010

We know, we'll never forget

Nas arrumações de hoje, ouvindo alguns CDs, lembrei do nosso casamento e da trilha que a compôs. Para ele, a introdução de http://www.youtube.com/watch?v=olnGNkgAE6c&feature=related...

Para mim, http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=cbGbm-n-iXc, surpresa feita por ele.

Ambas no piano. Mal sabíamos o que viria pela frente, mas sabíamos: that’s reality, baby! And happiness.

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"No matter what we get out of this

I know, I know we'll never forget"

(Não importa o que ganharemos com isso

Eu sei que nunca esqueceremos)

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"Para sempre é sempre por um triz...”

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:)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

yearsssss


Todo o tempo do mundo começa agora...
Engraçado como as coisas podem dar certo, independente das circunstâncias. - somos sempre o eu e a circunstância, sempre repito... - Mesmo que a maré mude de rota, que o percurso seja desviado e que os anéis escorreguem dos dedos, acho incrível como a vida se encarrega de fluir sempre a nosso favor. Apesar da saudade, apesar de ter que engolir sentimentos, da distância, do vício interrompido daquele cheiro habitual, apesar de precisar esvaziar gavetas e de se desfazer de fotografias antigas (ou, quando muito importantes, apenas guardá-las), a vida jamais deixará de dar certo. É o copo sempre metade cheio. O destino ignora o medo - ele sempre virá com alguma alternativa para qualquer hiato ou vazio. Os sentimentos mais cedo ou mais tarde se renovam, as lágrimas dão lugar à boa e velha taquicardia de uma nova história. Mais cedo do que você imaginava...

Colher por colher, um gole de cada vez, e assim qualquer um conseguirá nutrir a própria felicidade, seja ela diferente a cada esquina.
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A alma humana avança constantemente, mas em linha espiral. 
(JOHANN WOLFGANG VON GOETHE)

domingo, 7 de novembro de 2010

The sounds of silence


Vez em quando é preciso tirar férias de umas pessoas. Aquelas que roubam toda a sua energia, que lhe castram, que roubam a paz, seja de espírito ou não. Que lhe julgam sem nem lhe conhecer a fundo. Que querem opinar sem obter o direito para isso. Há quanto tempo eu não tenho paz de verdade, meudeus? Sempre com julgamentos pré-estabelecidos, críticas, decisões, impedimentos. Se eu fosse contar o quanto andei para trás nos últimos tempos..., tudo por “doação”, na maior da generosidade, querendo acompanhar sempre a vida do Outro, além ego, esquecendo dos meus anseios. - Perdi meu ego, alguém o viu por aí? - Entrei no esquecimento dos anos, vivendo uma vida que não era a minha, mas que eu adaptava de acordo com as circunstâncias, e não era da maneira inata. Fui moldando meu ser a fim de encaixar perfeitamente na vontade de outrem. Sempre fui a que obedecia ordens. A que abdicava, a que abria mão de coisas aparentemente egocêntricas em busca de agradar tudo e todos. Fui sendo cercada e hoje me encontro numa prisão. Nas últimas semanas descobri que a chave estava bem ali – me libertei. Hoje, faço planos para o futuro que dizem respeito a mim, e não aos outros. Não abro mais concessões (essas nunca raras, e sim constantes) e nem desisto de mim. Sou a que acorda de manhã e pensa no que fazer, e não mais em que agradar. Não espero mais a aprovação, tampouco as ordens. Ignoro a castração. Liberto tudo e todos da minha prisão. Na verdade, liberto-me de tudo e de todos os que me prenderam. Há muita coisa acontecendo que os olhos humanos não conseguem enxergar, tampouco meu ceticismo filosófico. Logo eu, sempre crítica e cética, experimentando o novo horizonte do meu próprio percurso.

sábado, 6 de novembro de 2010


A vontade de poder passar o dia inteiro na faculdade, metida em aulas deliciosas e trabalhos enriquecedores sempre baterá de frente com os horários que só uma mãe tem – arrumá-lo para ir à escola, organizar seu lanche, pôr sua mochila em ordem, organizar a casa, arrumar a bagunça, providenciar lista de compras, organizar o jantar, lavar a louça, lavar as fardinhas diariamente, sujas de suquinhos e biscoito. Quando se deseja conciliar as duas coisas, no meu caso (o curso de Filosofia lhe exigirá a leitura de no mínimo 5 livros por semestre, vários textos capciosos – tente entender Heidegger assim de supetão e me ligue, beijos – e muito, mas muito trabalho e várias avaliações. As pesquisas, a bolsa, os grupos de estudo num sábado à tarde. O Cinesofia, sempre imperdível. E por aí vai...) é praticamente impossível. Seja o curso, seja a vida de mãe, um dos dois sairá prejudicado e será administrado pela metade, de forma mal feita. Durante o dia é cientificamente comprovado que é impossível se concentrar em alguma leitura quando seu filho ainda é um bebê e precisa de atenção, quando chama seu nome-de-guerra (mamãe, prazer!) a cada 5 minutos, quando assiste à TV (desenhos sempre musicais e digamos...barulhentos) e exige que você esteja por perto, para fazer companhia. Bem, cientificamente eu não sei, mas particularmente eu diria que é totalmente “peremptoriamente”.

Quando ele finalmente se rende ao sono, isso por volta das 21h ou até mais tarde, duvido que você tenha coragem, coluna, vista, disposição e paciência para começar a ler aquela complexidade em forma de livro. Até porque a cama quente e o marido disposto a assistir a um filme lhe soarão como a tentação em pessoa. Mas, se quiser encarar os livros em um lapso de responsabilidade, vá lá. Tente tomar sua garrafa de café, seu 1L de chá verde, chá mate. Ficará acordada, mas só na teoria. A absorção de conteúdo será tão chula quanto dieta de revista de fofoca. Dormir é a palavra secreta que você gostaria de externar, acertei?

(E se além de ter que estudar você precisar fazer um trabalho, estudar para a prova e fazer pesquisa, boa sorte. Duas palavras: Fu e deu. Sacou?)

Acordará cedo para recomeçar a rotina. E será tudo de novo...Muahahahaha. - Malvada! - Mas é a mais pura verdade.

O pior é que não posso abdicar de nenhuma das duas opções. Elas são vitais para mim, como água e ar. Sem elas minha vida não existe. As duas são fantásticas. O mais difícil é saber como conciliá-las... As pessoas "do lado de fora" não entendem :)

O inferno são os outros. :)

Embora embutida nesse dilema sociopsycofilhisticointelectual, estou feliz.... Aham.

Oculta consciência de não ser, / Ou de ser num estar que me transcende, / Numa rede de presenças e ausências, / Numa fuga para o ponto de partida: / Um perto que é tão longe, um longe aqui. / Uma ânsia de estar e de temer / A semente que de ser se surpreende, / As pedras que repetem as cadências / Da onda sempre nova e repetida / Que neste espaço curvo vem de ti.

[Espaço curvo e finito - Saramago]

terça-feira, 2 de novembro de 2010


O Passado

"Toda teoria sobre a memória encerra uma pressuposição sobre o ser do passado. Tais pressuposições, nunca elucidadas, obscureceram o problema da memória e da temporalidade em geral. É preciso, então, de uma vez por todas, colocar a pergunta: qual é o ser de um ser passado? O senso comum oscila entre duas concepções igualmente vagas: o passado, diz-se, não é mais. Desse ponto de vista, parece que se quer atribuir o ser somente ao presente. Esta pressuposição ontológica engendrou a famosa teoria das impressões cerebrais: já que o passado não é mais, pois desvaneceu-se no nada, se a recordação contínua existindo, é preciso que seja a título de modificação presente de nosso ser; por exemplo, uma impressão marcada agora em grupo de células cerebrais. Assim, tudo é presente: o corpo, a percepção presente e o passado como impressão presente no corpo; tudo está em ato porque a impressão não tem existência virtual enquanto recordação; é integralmente impressão atual. Se a recordação ressurge, é no presente, em conseqüência de um processo presente, ou seja, como ruptura de um equilíbrio protoplasmático no grupo celular considerado. Eis o paralelo psicofisiológico, que é instantâneo e extratemporal, para explicar como esse processo fisiológico é correlato a um fenômeno estritamente físico mas igualmente presente: a aparição da imagem-recordação na consciência. A noção mais recente de engrama não faz mais que adornar esta teoria com uma terminologia pseudocientífico. Mas, se tudo é presente, como explicar a passividade da recordação, ou seja, o fato de que sua intenção, uma consciência que se rememora transcende o presente para visar um acontecimento lá onde ele foi? Assinalamos em outra obra que não há meio algum de distinguir a imagem da percepção se começamos fazendo da imagem uma percepção renascente.

Encontramos aqui as mesmas impossibilidades. Mas, além disso, nos privamos do meio de distinguir imagem e recordação: nem a ‘fragilidade’ da recordação, nem sua palidez, nem seu caráter incompleto nem as contradições que ostenta frente aos dados da percepção podem distingui-la da imagem-ficção, pois esta apresenta os mesmos caracteres; e, por outro lado, esses caracteres, sendo qualidades presentes da recordação, não poderiam fazer-nos sair do presente para ir ao passado. Em vão se invocará a qualidade de pertencer-a-mim da recordação.

A consciência popular, por outro lado, tem tal dificuldade de negar existência real ao passado que admite, juntamente com esta primeira tese, outra concepção, também imprecisa, segundo a qual o passado teria uma espécie de existência honorária. Ser passado, para um acontecimento, seria simplesmente estar recolhido, perder a eficiência ser perder o ser. A filosofia bergsoniana retomou tal idéia: entrando no passado, um acontecimento não deixa de ser, apenas deixa de agir, permanece ‘em seu lugar’, em sua data, para toda a eternidade. Assim, restituímos o ser ao passado, e está certo; até afirmamos que a duração é multiplicidade de interpenetração e que o passado se organiza continuamente com o presente. Mas com isso não encontramos qualquer razão para esta organização ou esta interpenetração; não explicamos como o passado pode ‘renascer’ e infestar-nos, em suma, como podemos existir para nós".



[JEAN-PAUL SARTRE, O Ser e o Nada.]

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Releituras - quando relidas no momento certo - sempre serão mágicas. :) Saudade de net emm casa... Para mim bastaria só um dia, não mais que um dia...
Enquanto isso, entupo o laptop com textos e rabiscos, enquanto a net não se apruma.
Mas feliz...