O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

mitonarcisicoeabipolaridade


Vejo-me de relance no reflexo da janela do quarto, agora com planos de cortinas floridas. O que observo me agrada, mas não convém. Tudo ali, rapidamente, estava coerente – tudo fazia sentido. Chego a pensar que nem sempre o reflexo é condizente com a realidade do objeto. É essência? E desse modo caio numa das mais tristes conclusões que já me ocorreram. Quase ninguém gosta de ver-se por completo. Não me refiro ao físico. Não falo da beleza, do corpo, do cabelo penteado. Pena que você limitou seu raciocínio ao julgar isso. Falo do que de fato somos - interiormente; falo dos atos e dos pensamentos. Refiro-me ao que transcende tudo aquilo que imaginamos expor – tudo o que está oculto debaixo das nossas línguas, o não-dito, porém vivido. Temos medo da nossa verdade absoluta (essa, quase uma lenda), temos receio de conhecermo-nos inteiramente. É quase fatal. Isso me faz lembrar o mito de Narciso... Amo.

É tão difícil termos coragem de enxergar aquilo que realmente somos, sem máscaras, ali, diante do espelho – nossa consciência, nosso disfarce ao avesso. O reflexo de relance sempre foi o mais conveniente. Nossa memória seletiva, junto com nossas máscaras, delineiam o protótipo do que achamos que somos... O que eu posso dizer daquele que consegue enxergar além do espelho...? Você não existe, amigo. Mas, caso exista, compro sua vida. Troque-a comigo! Ou será que todos nós podemos, atravessando a noção do que há dentro da gente, enxergar além da miragem? Só sei que ali, no reflexo, eu vi felicidade. E ai de quem negar isso a si próprio.

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