O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

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quinta-feira, 14 de julho de 2011

O vácuo do atemporal


Dor que vem em meio aos beijos, junto à rotina, dentro do café com leite, misturada ao gole de whisky, dentre os tragos que já não dou, nos intervalos dos desenhos animados, entre as páginas das minhas leituras, nos capítulos do meu filme predileto. Dor que ignora a minha vida e a felicidade, dor que decretou seu próprio destino imortal e infinito e não se esquece de bater à minha porta. Dor que não se importa se é noite ou se amanheceu, se é cedo ou tarde. Dor do inevitável, dor da consequência, dor do sem perdão.

[Grito e choro, escondida, a dor não ouve. A dor não vê. Ela apenas existe.]

Maior do que o luto do imediato – aquele que é natural, que se inicia acompanhando a perda e que tão rapidamente cicatriza – é o luto da lembrança. O luto de lembrar dói sem a promessa de passar, oscila, lateja. Lembrar em luto é viver a morte e com ela morrer, segundo após segundo, sem promessa de alento. É cair em abismo, precipitar-se, morrer em precipício. É ferida aberta, é lamento, é frio sem cobertor, sede sem água. Fecho os olhos a espantar o filme que vai e vem nos meus olhos, mas as lágrimas que deveriam lavar só me queimam. Sinto dor. Mal dá para me contorcer em quimeras, o destino é um e a cruz só pesa.
Saudades do que não foi palavra. Lamento em quem não foi sussurro.
O luto da lembrança – eis uma dor que não desejo a ninguém.

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