O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Narciso e o espelho colado


Lutar com as palavras - já dizia Drummond.

Admire-se ao prestar atenção em tudo o que ocorreu neste ano. Ponha as lentes de grau ou de lucidez, mas veja dia a dia sua marcha até aqui. Trezentos e sessenta e cinco, cada um completamente diferente do outro – dias com preguiça de terminar, mas com ares de mestre.

Fecho os olhos, suspiro. Um nó na garganta, lágrimas de exaustão. Passo a chorar bastante, assim, do nada. E concluo...

Não reclamo.
Não questiono.
Sem ironias.
Somente agradeço.

Meu Deus. O quanto agradeço.

Agradeço, neste final de mais um percurso, por todo o aprendizado. Em caixa alta, em negrito, gritado. Minha força tamanha de agora só foi possível pela dor incessante de cada dia de um ano tão cruel, a ponto de ter sido – disparado - o pior ano da minha vida.

Muito obrigada por isso, Chefe.

Obrigada pelo ano que me foi dado. Aprendi muito. Obrigada pela saúde que reconquistei, já perto da linha de chegada. Obrigada também por meu filho ter evoluído tanto, por ser esse menino tão inteligente e forte que ele é. Por ser divertido, tranqüilo e obediente. Obrigada por ter dado uma segunda chance a muita gente que precisou dela. Essa gente é muito importante para mim. Obrigada por ter me dado paciência e complacência, para mais um ano buscando o melhor para minha família, mesmo que ainda pequena. Obrigada por ter protegido minha casa, e pronuncio isso com tanto orgulho - meu lar, meu ninho. Sou dona de algo inenarrável. Nele, moram comigo dois homens, veja só, eu que sempre tive o conforto de dividir hábitos de organização com irmãs, moro agora com dois meninos que bagunçam, que viram minha sanidade de cabeça para baixo, mas que me ensinam tanta coisa, mesmo na clausura e na castração.

Obrigada pelas lágrimas que derramei e que ainda posso derramar. Muita gente não sabe a importância que elas têm ou sequer consegue derramá-las.

Obrigada por estar preparada para um próximo ano maravilhoso - este torço que seja egoisticamente bom e produtivo para mim. Prometo não me esquecer do que aprendi. Que eu tenha a companhia dos outros, e que eles me acompanhem, dessa vez, já que fui sempre a sombra das decisões deles. Quero um ano de voz ativa, posso? Acho que depois de 25 anos eu mereço pelo menos um dessa maneira, não é?



3 comentários:

  1. "A gente quer ter voz ativa
    No nosso destino mandar
    Mas eis que chega a roda viva
    E carrega o destino prá lá ..."

    Bom ano novo Kika!

    bjus

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  2. caramba ju, se ler pensamento desse dinheiro você enriqueceria, se liga ein! hehehe! e se eu dissesse que essa estrofe, exatamente ela foi repetida mil vezes na minha cabeça durante toda a elucubração, como trilha tema?? putz... to fúcsia aqui com a coincidência. amei!

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  3. isso chama-se identificação...mulher era eu lendo o seu texto e escutando a música em pensamento.

    Beijão e feliz ano novo!!!

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