O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

domingo, 23 de junho de 2013

canções de apartamento


 A dúvida pousada no meu ombro como (o fantasma) de um pássaro antigo, ora negro, ora multicolorido, sussurrando enigmas e gritando obviedades, berrando palavras controversas, soprando pavores, rasgando os meus ouvidos e mutilando minha consciência, exercendo a dicotomia perdida do clichê de um ser libriana. Ir e não-ir lado a lado com o mesmo peso na balança da consciência. Sombra que me acompanha, dando um não preventivo a todo e qualquer sim, como uma corrente presa ao pé, pesando a minha alma. Um querubim atrevido em cada ouvido, opinando contrariedades em meu juízo, oprimindo minha natureza. Noites metodicamente mal dormidas que compõem o cenário das minhas páginas marcadas nos livros de cabeceira. E desconto tudo no sublinhar dos parágrafos, identificando-me com as palavras como uma forma de fuga. É desacreditar que nado em liberdade fluida e felicidade plena, por medo, por receio, por achar que não enxergo bem. Sou cega, sou míope? Como saber se enxergo direito o que existe ou se sofro de alguma espécie de daltonismo das coisas, afinal?

Ando um passo à frente e recuo dois - de novo... -, eterna mania de autossabotagem, doente autossabotagem - é preciso que me empurrem à frente para que eu caminhe e não mais engatinhe, como quem tateia no escuro com medo de bater a testa na quina, quando poderia simplesmente fechar os olhos e me deixar ser levada pelos sentidos. Dúvida, medo, receio, recuo. Canções de apartamento e um chá de morango ao pé da janela, e muita, mas muita angústia de ver a porta se abrir e eu dar de cara com a alegria do cheiro moreno da pele dele. Grito na janela e me permito expor meu amar quem me ama, tão lindo. Boralá. Não, pera. Pronto. Não, pera...

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