O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

quinta-feira, 7 de abril de 2011

falecomaminhamão


A palavra grega que designa o “sábio” se prende, etimologicamente, a “sapio” - eu saboreio, sapiens, o degustador, sisyphos, o homem de gosto mais apurado; um apurado degustar e distinguir, um significativo discernimento. O sabor das palavras, o tempero dos questionamentos, meu nutritivo sair da inércia. Constitui, segundo a consciência do povo, a arte peculiar do filósofo. Tentar dizer o sentido sem deixar que o mesmo se perca - e nem sempre isso é fácil; pensar sem perder a totalidade. Impor à totalidade a nossa subjetividade, ou seria o oposto?

O filósofo busca ressoar em si mesmo o clangor total do mundo e de si, expô-lo em conceitos, através de abstrações. Creio que cabe ao amante da filosofia o constante ciclo de digestão e transmissão do saber. Amar o pensamento. Apaixonar-se pelo conhecimento, identificar-se - ou não - com as idéias. E nelas eu me encaixo na maioria das vezes...

Sinceramente, defendo a idéia de muitos que tentam mesclar o pensamento filosófico ao cotidiano. Abomino aqueles que se afogam em seu ceticismo absurdo, julgando nefasto tudo aquilo que adentra o senso comum, embora este não seja tão agradável quando visto de perto - admito. Geralmente fazem parte desse meio ‘calouros deslumbrados’ com as idéias pré-concebidas, jovens esperançosos e crentes de haver no final do arco-iris um ser perfeito e nutrido de super intelectualidade, ao qual eles almejam se igualar, e sinceramente eu só vejo neles um protótipo desesperado de pseudo, fiel misantropo que não experimenta as efemeridades da vida..., ou que finge que não o faz, para não fazer feio diante dos demais. Neste ciclo também se encaixam os que já têm grande conhecimento, muitas vezes os que nos ensinam hoje em dia, mas que com o perdão da palavra – enrustiram-se em suas armaduras sérias e autossuficientes.

O homem de gosto mais apurado não precisa ser necessariamente um rabugento. Há beleza no cotidiano sem que seja necessário cuspir nos outros ao pronunciar Nietzsche – e afirmo sem piscar que muitos deles não o compreendem nem por alto..., embora seja tão popular e tão interessante - . Não é necessário vangloriar Heidegger para mostrar que atingiu um patamar mais elevado que os demais. Tampouco adianta declamar em latim aquele pensador mais exótico que ninguém mais conhece. Caham. Dá licença...

Vejo tudo isso esboçado em muitos dos meus colegas. Detesto o pedantismo. Todos esses autores estão ali, na minha estante, e nem por isso preciso mencioná-los na hora do intervalo, para que os outros ouçam. Já chamo atenção demais baforizando meu cigarro perto deles.

Creio que o sábio reina, como já disse, no saborear das informações. Digerir, abstrair, absorver. Algo totalmente distante da moldura exposta na parede, no avatar do seu site de relacionamento, no pigarro pedante das frases prontas, nas citações mal compreendidas dos grandes pensadores, dignas de lotarem um caderninho de reflexão.

Qual é a graça de usar a filosofia sem tê-la conosco no cotidiano? Sinceramente, não quero me perder nesse meio ilusório de semi ou pseudos, só pelo fato de eu me encontrar em outros sítios, na música, na tv, no dia-a-dia de mãe ou de esposa, na conversa de salão, na mesa de bar, nas piadas, entre cerveja e conversas. Parafraseando Sartre (pigarros), o homem não é a soma do que tem, mas a totalidade do que ainda não tem, do que poderia ter.

(Grilos)

Nada a ver, foi só para parafrasear mesmo.

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