O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Pelo não-observador, o mal reflexo.


Existe algo nesse mundinho mundano que não cabe em uma palavra sequer, para descrever tamanha mediocridade. É o tipo da coisa que merece um leque de palavrões. Já ouviram falar em personagem? E em síndrome do telespectador? Bem, esta última eu inventei, na verdade nem sei se existe tal denominação, mas caberá aqui.

Eu, você, ele, ela – somos pessoas normais, as quais não anseiam por sucesso, nem por fama, nem por aparição televisiva. Apenas existimos. Somos do tipo que estuda, do tipo que casa, do tipo que tem filho, do tipo que tem amigos, do tipo que vive. Não precisamos de telespectadores nem de estereótipos. Não precisamos ser personagens.

Mas é bem aí que entra a mania irritante de as pessoas – que mal nos conhecem – sempre inventarem um personagem para nós, pobres mortais, pessoas - quiçá - nefastas. No meu caso, por ser mulher de músico e por freqüentar sempre seu ambiente de trabalho, já sofri um bocado. Nunca consegui ser somente a Kika, a Mônica, esposa do cara da banda, mãe do Ícaro, aquela que vai prestigiar o seu trabalho sempre que pode, tomando sua cerveja e fumando seus cigarros. As pessoas querem sempre ver o cirquinho alheio pegar fogo, sabe-se lá por quê. Eu costumo pensar que é para ocultar a própria infelicidade, o próprio medo (aquela história de projetar no outro para ocultar o próprio defeito, ou coisa que o valha), e aí dá pena. É deprimente. Tratam logo de estipular características da própria fantasia, apimentam, temperam, como quem não se satisfaz com as novelas ou com os realities, como quem não se conforma com sabor inato do chuchu. Então elaboram adultérios, inimizades, mentiras, ciúmes, conflitos, rótulos. Já fui a muito, a totalmente ciumenta; já fui a adúltera; já fui a mosca morta...; a que se acha; a que não acha nada; já fui a suuper traída. Já fui tudo no mundo, menos eu. Aí é o tipo da coisa que a gente expressa em um sonoro “Caraaaaaalho, doido, vá se tratar!”. E o que raios eu tenho de tão sem sal para quererem sempre acrescentar algo à minha personalidade? Daqui a pouco, caros leitores de uma pessoa só, deixarei de ser alguém para ser múltipla. E você também. Tome cuidado com isso. As pessoas subestimam a própria inteligência, tomam conta de nós antes mesmo de sabermos quem somos. Dou um conselho muito bem vivido, mas só posto em prática a partir de agora: compreenda bem quem você é, e faça sempre o impossível para mostrar por completo o conteúdo. A sua imagem refletida por aí nem sempre será o melhor reflexo. Portanto, seja. Seja, e depressa.

De fósforos e querosene esse mundinho está cheio.

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