O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Ich weiß es nicht, aber ich werde


É marrom, mas tem um desenho em tinta óleo, no amarelo, no vermelho, no rosa, no verde, e nas cores que quiserem imaginar. É compacto, cabe na bolsa. É desconexo, mas bem cuidado. É a bagunça organizada de só quem o tem o entende. É uma mistura de quereres...

Olho as páginas do meu caderninho e leio as anotações do que eu quiser guardar no momento. São as aulas de Metafísica, as aulas enfadonhas de Lógica, as aulas de Psicanálise, os exercícios de alemão, o “marcar ginecologista”, a análise dos poemas, o “lembrar de comprar mais couve e pilhas para o relógio; acabou o açúcar”. Tudo junto. Uma página atrás da outra, desrespeitando data e cabeçalho. Não há seqüência. Digo, há seqüência, mas não há lógica a olhos que não sejam meus. Palavras misturadas. Misturados da mesma maneira estão meus afazeres, meus “por fazeres”, nossas roupas no chão...

... Nessa releitura homogênea vejo subjetivamente Sócrates como um personagem arquetípico – ele é o que sabe tanto, mas reconhece que a respeito de nada sabe. Relendo e paginando meu caderninho, concluo que nada, poxa... nada sei. Nada, ainda... Mas o “não-saber” é justamente isso: a busca constante do “saber mais”, é a procura de um logos, ou um pseudo-logos, ou de verdades ou falsas verdades (o que me for conveniente no determinado momento)... Afinal, não sou Narciso ao deparar-se com sua existência: ainda não morreu meu acervo de vivências.

Não sei qual lição tirarei ao final da última página, nem qual objeto de estudo ou de escrita me ensinará mais, tampouco qual a próxima anotação... Mas sei que a última frase da última linha da última folha será: comprar outro caderninho.

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