Um ponto negro embutido no azul. Um objeto fora dos padrões, fora dos vínculos racionais e dentro do nada, fora das previsões; Como formar um mundo, se o homem é uma ilha?
Vejo mais do que qualquer coisa a sonolenta ânsia de se buscar como indivíduo, como sempre, ainda que em marcas de autoconhecimento ou coisa que o valha, em bordas vazias de misantropia - uma gana de sobrevivência egoísta, uma vaga expressão do que nem é real, uma espécie de autosuficiência primária, a cansativa busca de respostas para perguntas que no todo não encontramos, que quiçá ainda nem inventamos. Talvez a gente sempre finja não encontrar, ou não saibamos procurar, mas é preciso que nos orientem. É o erro dos confusos - reclamar do que não encontrou, mas antes disso não saber o que procura e por isso não reconhecer quando finalmente encontra o pote de ouro.
Somos movidos pela fantasia do inconsciente, do subconsciente, do fácil, do imediato. Sem sabermos, vivemos aquilo que nossa fantasia desenha, fazendo disso a nossa realidade, confundindo o real absoluto. Nós não pensamos, somos pensados. Penso onde não existo e existo onde não penso. O Real é aquilo que é impossível de dizer. Deparando-me com o indefinível, quem sabe eu reconheça a realidade.
Sabemos o que é verdadeiro para os outros mas não reconhecemos o que é real para nós. Buscava fora, mas estava dentro de mim. Aquilo tudo, e mais um resto. O desfazer-se das coisas - tirar o véu dos conceitos e das causas -, desmembrar-se.
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