O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

quarta-feira, 7 de março de 2012

bleu

O segredo de tudo, o mistério maior, a razão do alento, se por acaso o doutor não lhe recomenda o tango argentino e se a você, como a mim, não convém a estupidez do ilícito, está em entupir-se de arte, alimentar-se de arte, nutrir-se de arte, deixar-se levar pelas partes e sequências, vogais e cores, deixando que penetrem os timbres, levando-se pelos tons entre acordes, na força do tempo e das vozes.

Doses antes das refeições, antes de dormir, antes de pisar fora da cama, antes de pensar em pensar, antes das vírgulas... e, alimentando-se de nãos, convém aumentar a porção, porque não há tempo a perder, e porque a arte cura a loucura, analgésico da dor de viés, dos ossos dos braços que batem incansavelmente pelas beiradas das portas. Cura a fome, cura a angústia e também a cólera de não sentir-se preenchido. Cicatriza a invisibilidade dos que se sentem sozinhos na multidão. A quina da parede no meu cotovelo. Os choques que necessitam de cor. O vazio. O silêncio.

A arte faz como brinde as letras, os versos, a minha Filosofia, a minha verborragia que, criteriosamente, retiro das prateleiras e trago para dentro de casa, afim de amortecer soluços e saudade das encarnações passadas que mais soam como o ontem. Vejo como o tempo passa.

A arte reinventa. Refecunda. Germina o refazer. Na música, na dúvida, na polissemia e na cor, em poesia ou em prosa, em pensamento ou empiria, a arte me cortou a fatia de adeus, a falta de rima, o excesso de agoras. A arte alimentou meu gosto de morango na boca.

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