O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

luftschloss

Meu luftschloss pelo ar ficou, subiu às nuvens e nunca mais foi visto, e tudo aqui embaixo tornou-se tão pequeno quanto aquilo que em mim não vive. A distância nada mais é do que amiga, leva para longe tudo o que pedimos em oração - livrai-me de todo o mal, amém. Reinamos nossas vidas, ora como mestres, ora como o maior dos aprendizes. O esquecimento escolhe as lacunas para então se firmar, mesmo que não precise apagar as lembranças. Tudo perfeitamente acontece.

Abri a janela, permiti que atravessasse o vento mais forte da temporada. Levou papéis, cartas, flores, poeiras, levou os discos e deixou espaço nas gavetas. Deixou tudo de concreto no mesmo lugar. Brindei. E o nosso segredo ali está, nem dentro, nem fora. Está em tudo. Se vem à tona, não ligo. 

O chão se abriu, bem diante dos meus olhos. Abriram-se também o tempo, mestre dos por quês, as horas, mucamas da angústia, os minutos, inimigos da consternação. Cegueira, mudez. Nua de armadura. Composta por não-quereres. Ouço trovões, mas não chove. Chove e, quando de fato chove, faz silêncio. Vejo paradoxos refletidos. Barulho no abismo, ecos no silêncio. Sinestesia. Tudo branco. Tudo azul. Joguei-me no mar. Flutuei, acordei, ancorei em hiato. 

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