O recurso patético ao proparoxítono humorístico ou sarcástico ou satírico

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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Mãe - Teoria versus prática


Creio que toda mãe tem uma pontinha de "insight" dentro de si. Aquela pitada de sexto sentido, aquele toque final na magnífica educação passada à sua cria. Intuição, quem sabe. Haverá sempre um pouco desta, a qual coincide tão bem com as particularidades do seu filho, tão diferente de qualquer outra criança. Acredito que para uma excelente educação a intuição será sempre uma grande aliada, pois é com base nela que saberemos como instruir nosso filho da melhor maneira possível, até o resultado final: seu perfeito crescimento.

Há uma semana, por exemplo, meio assim do nada, tive algo parecido com um insight. Estávamos eu e Ícaro brincando de digitação no computador, coisa que ele adora, quando de repente um bebê novinho começou a chorar no prédio da frente. [Ícaro tem completa aflição quando vê ou ouve alguém chorar, ainda mais quando se trata de um neném, mesmo quando é personagem de filme]. Aflito, perguntou-me logo o motivo do choro, se era de fome, se era de frio, se ele tinha caído, onde estaria a mamãe dele.

Então se deu o estalo. Um passe de mágica. Aquele que só uma mãe é capaz de ter.

- Ah, meu amor... nem te conto. Aquele bebezinho, veja só, chora por não ter um bubu, já pensou?

- ...É?

- É. Você já ouviu falar na fadinha da chupeta?

- Não...

- É uma fadinha linda, de roupa bem colorida, cabelo grande igual ao da mamãe. Ela dá a chupetinha a todo neném que chora porque não tem... Sabe como é?

- Então ela compra um babu para o bebê que tá chorando?

- Ah, mas a fadinha não tem dinheiro... [tom penoso]. É assim. Quando uma criancinha cresce, como você, sabe o que a gente faz? Guarda as suas chupetas numa caixinha de presente e pendura na janela. Ela vem, pega e leva até o apartamento do bebê que chora...Em troca, ela traz um presente para você.

O bebê continua a chorar. Ícaro olha para as duas chupetas na mão. Suspira.

- Mamãe, eu quero ajudar.

E então fizemos todo o procedimento. Ele beijou os bubus, guardou num papel colorido, enfiou numa sacola bonita e pediu que eu pendurasse na janela do quarto dele. Depois escondeu-se, pois a princípio ele não suportaria ver a fada da chupeta, acho que lhe faltou coragem. Aproveitei o descuido dele e logo guardei o embrulho. Na volta para o quarto, com os olhos arregalados e brilhando, ele encontrou a janela já sem a sacola e me disse:

- Tá ouvindo, mamãe? Ele parou de chorar...

Sorriu.
E saiu satisfeito, sem tristeza, com orgulho e satisfação. Não chorou, não pediu, não se arrependeu. E desde então ele se faz completamente menino, distante do seu último rastro de transição. O bebê cresceu. A mamãe conheceu mais uma vez o orgulho. Nesse momento, confesso, ela chora.

...Repleta de uma alegria absurda, mas embalada por saudade dos três primeiros anos do seu filho, anos que mais pareceram voar.

Para alguns essa história também teria dado certo. Para outras crianças, nem tanto - a estorinha do Coelhinho da Páscoa cairia perfeitamente. Talvez a do Papai Noel, ou a da chantagem do videogame, quem sabe. O que basta é a mãe saber como lidar com o seu filho - e esse é todo o segredo - independente do que digam ao seu redor. Sempre haverá quem queira interferir. Sogras, por exemplo. Deixe que falem. A mãe é você. E a satisfação, maior do que a de qualquer outra pessoa, será sua.

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